26 de julho de 2014

QUATRO MANEIRAS DE ESTAMPAR TECIDO

estamparia


por Ana Matusita, blogueira convidada
Estamparia artesanal é das coisas mais divertidas de se fazer. É a possibilidade de tornar únicae com a sua cara um peça de roupa, um acessório, um caderno, ou mesmo superfícies maiores, como móveis, portas ou paredes de casa. E, para possibilidades infinitas, modos de fazer dos mais variados. Tudo depende da superfície a ser estampada e dos materiais que se tem à mão.
Acho que a dica inicial é avaliar a textura da superfície que você pretende estampar e o tipo de desenho que irá ser estampado, porque dele depende a escolha do método. Por exemplo, o silk screen é excelente para tecidos e papéis, mas difícil de trabalhar em paredes e móveis. Os métodos e suas possibilidades são muitos, mas uma listinha básica do que é possível fazer em casa é a seguinte:
1) ESTÊNCIL
Estênceis são moldes vazados que podem ser feitos em papel, plástico durinho ou até mesmo contact. Os dois primeiros têm execução parecida: basta recortar o desenho vazando o molde. Já o contact funciona da forma inversa: você aplica a figura desenhada na superfície e pinta o contorno. É ideal para madeira e móveis, por exemplo.
O estêncil de papel é fácil de ser feito, porque o desenho pode ser recortado diretamente onde foi feito. Já sua aplicação é limitada, bem como sua durabilidade. O ideal é que ele seja utilizado em trabalhos rápidos, com desenhos pequenos (legal para papel de carta e envelopes, por exemplo). Para garantir que ele não se desfaça e nem vaze tinta no trabalho todo, é bom usar um papel de gramatura média, como o de caixas de embalagem, que é fácil de recortar mas tem alguma resistência à tinta (os melhores são os de cereal, porque voce pode desenhar na superfície lisa de dentro e usar a parte selada de fora para aplicar a tinta).
O plástico durinho, como aqueles usados em capas de trabalho, tem uma durabilidade bem maior e pode ser usado em qualquer superfície. É fácil de prender e não se desfaz.
Mas o mais bacana de se utilizar estêncil é algo que se aplica a qualquer método: utilizar materiais que você já tem, subvertendo sua finalidade. Por exemplo, tente fazer uma borda bacana com uma toalha de renda de plástico, daquelas da vovó, fixando-a e aplicando a tinta por cima. Fica o máximo! Usei renda sintética numa caixa de costura uma vez, mas como queria manter a textura, acabei colando a própria renda e pintando por cima.
Para aplicar a tinta, o ideal é usar o pincel redondo de cerdas duras, próprio para estêncil. Os desenhos devem ser simples, com pouco nível de detalhe.
2) TRANSFER
O transfer é um tipo de papel especial, no qual você imprime um desenho e depois o transfere para o tecido usando o ferro de passar. Apesar das possibilidades serem infinitas no que diz respeito a arte que você pode criar usando editores de imagem, o uso é limitado a essa única superfície. Aqui, vale a dica de utilizar o papel adequado para a sua impressora (laser ou jato de tinta), bem como testar antes a temperatura do ferro, que deve ser elevada e sem vapor.
Estamparia: transfer
Essa técnica funciona bem para desenhos pequenos, mais fáceis de serem transferidos uniformemente. Um bom uso são as etiquetas artesanais como as que a Laurraine Yuyama, da Patchwork Pottery, faz.
3) SILK SCREEN
O silk screen é um método parecido com o estêncil, mas com possibilidades maiores de detalhes na arte, porque possibilita fazer desenhos mais minuciosos. O único porém é o cuidado com a tela, porque quanto menor for a superfície a ser vazada, maior deve ser o cuidado na limpeza, para que ela não fique entupida e possa ser reutilizada. A tinta para silk screen é mais densa que a tinta de tecido e é aplicada com um rodinho de mão. Uma dica legal que aprendi é não utilizar água na diluição, porque isso compromete a cor e pode criar manchas se a água foi em excesso (fica uma marca feia no contorno do desenho, com a tinta vazada onde não devia); o ideal é usar vinagre, que dilui um pouco a tinta, deixando mais fácil de espalhar, sem dar o efeito aguado.

Estamparia: silk screen
Ainda sobre as tintas, o chato é que há poucas opções de cores bonitas. Claro que você pode criar cores novas com misturas, mas o problema é conseguir reproduzi-las novamente. O silk também permite a utilização de mais de uma cor, desde que voce utilize várias telas, com espaço de secagem. Nunca fiz telas caseiras, ou seja, sempre que tive que utilizar silk, levei a arte impressa ou desenhada em papel vegetal para uma loja de tinta e encomendei a tela. Mas sei que existe um tal(que só vi em sites gringos), que é usado para pintar o contorno do desenho vazado, criando a tela. O uso das telas é mais que adequado para camisetas, peças de roupa, toalhas, cortinas e garante um desenho uniforme (ainda mais se a tela for novinha). Também é ótimo para sacolas, pacotes e etiquetas, um problema que pequenos crafters sempre têm, já que as empresas especializadas costumam trabalhar com uma quantidades muito grandes. O pessoal do Tofu Studio mostrou que usa o silk exatamente pra isso (foto acima).

4) CARIMBO
Os carimbos são aa minha menina dos olhos! Adoro essa forma de estampar, especialmente pelo visual delicado que cria. Até as falhas, próprias da forma de transferir a tinta, criam um efeito bonito. Há três grandes possibilidades de carimbos: os industrializados, os recortados e os esculpidos (ou cavados).
Estamparia: estencil
Os industrializados apresentam mil possibilidades de criação da arte e são fáceis de achar, ainda mais depois que se difundiu por aqui no Brasil a moda do scrapbooking. Em geral, como são importados, não costumam ser baratos e, apesar de haver desenhos maravilhosos é bom saber que quanto mais detalhes na arte, maior a dificuldade de estampar (sobretudo em tecido) pois os carimbos de silicone costumam ser “fininhos”, com pouca profundidade no desenho e a tinta acaba entrando nos vãozinhos e borrando o tecido. Nesse caso, NUNCA se aventure a carimbar uma peça pronta, tenha sempre pedaços de tecido à mão e faça muitos testes antes.
No papel, a coisa é mais tranquila, sobretudo por conta da tinta, que é mais diluída e fácil de usar. Para estampar em papel, mais que as carimbeiras, indico as canetas de ponta pincel largo, que têm cores variadas e são bem duráveis, apesar do precinho meio salgado.
Existem hoje no mercado carimbeiras e tintas importadas para qualquer superfície. Para tecidos a melhor que já testei é a Staz On, que resiste bem à lavagem. Até o momento, achei uma boa gama de cores. O único problema é que a tinta seca muito rapidamente e deve ser armazenada bem fechada. O preço também não é nada popular, como qualquer produto japonês.
Para os carimbos cavados, o ideal é utilizar placas de borracha, também importadas, transferir o desenho e cavar usando estilete bem afiado, sempre tomando o cuidado de cavar para fora das margens do desenho, evitando cortar onde não deve. É preciso alguma habilidade para essa técnica, então é sempre bom treinar um pouco, começando dos desenhos mais simples e com pouco nível de detalhe. Aqui, as possibilidades sao tantas quantas sua mão pode criar!
Os recortados: talvez um passo antes de cavar seus próprios carimbos seja recortá-los em EVA, com tesoura mesmo. O ideal é que os desenhos tenham poucos detalhes vazados, mais difíceis de recortar. Figuras simples, como flores e corações são ideais e podem ser recortadas até mesmo com um cortador, daqueles próprios para papel e EVA (a marca TEC tem uma linha bacana de cortadores e é bem fácil de achar em papelarias). Como o EVA é fininho, a figura precisa ser colada em algum tipo de suporte, como madeira, por exemplo. Aqui, vale usar a criatividade: pra carimbos pequeninhos, até rolhas de garrafas servem.
Na hora de aplicar a tinta, sugiro reutilizar bandejinhas de isopor como carimbeira. A camada de tinta deve ser bem fininha, esparramada com espátula ou com uma faquinha.
De novo, como em qualquer outra das técnicas, acho que o bacana é usar os materias que temos, não se preocupando em gastar e comprar tudo importado. Não temos placa de borracha? Vambora achar um substituto! Já cheguei a usar placas de lixa de pé (daquelas de borracha grossa) para esculpir. É difícil, porque a borracha não é tão molinha, mas vale a tentativa. Se na India, as mulheres usam pedaços de madeira para criar seus carimbos de henna, esculpir um pedaço de borracha é bolinho…
A idéia é saber reaproveitar materiais e tirar vantagem do que se tem para criar. E essa será a proposta do passo-a-passo que estou preparando para ilustrar as dicas de estamparia. Então,não perca o próximo capítulo, aqui no Superziper!
*um super obrigada à Emy, (TOFU STUDIO) e à Laurraine Yuyama (PATCHWORK POTTERY), que gentilmente cederam as fotos.

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